Xiita Rock'n Roll

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

 

No Oriente Médio as pessoas morrem por religião. A batalha entre judeus e muçulmanos acumulou uma pilha de corpos ao longo da história. “Xiita” é uma palavra que o mundo aprendeu nesta década e desperta medo e cautela. No Brasil não temos conflitos religiosos, mas há xiitas por aí, e uma boa parte está entre a galera que curte rock. São os caras que se consideram os “verdadeiros fãs”, os “true” e ou na internet a versão from hell: “Tr00”.

São pessoas que acreditam que a banda que curtem só presta enquanto tiver poucos fãs, discos malvendidos (e pouco conhecidos) e ficar restrita aos buracos do underground. É quase como uma seita. Eles sabem e já ouviram de tudo, os primeiros discos, demos obscuras, gravações piratas de shows. Eles têm muita coisa.

Eles ficam putos quando vêem outras pessoas com a camiseta da banda na rua. A MTV é um tormento para esses caras. “Esses f¨%%$ vê na MTV e acha que é fã! P¨%¨%!!”

Eu achava que esse comportamento acontecia mais entre os fãs de metal. É um lance que parece ter mais a ver com som pesado e testosterona. Cara, mas não!! Isso acontece até com menininhas de 13 anos que se descabelam pelo Nx Zero, Restart, Replace e toda essa (ai, Gezuis) nova leva do rock. Pela internet, elas acompanham a banda desde o começo, desde que era outro nome e quando o baixista ainda era loiro e era muito zoado, tadinho. Mas hoje, só porque é modinha, todo mundo vai no show!! Filhos da p#%¨!!

Tem muito fã de rock que se tornou prisioneiro de si mesmo. Quando o rock surgiu, era sinônimo de liberdade, um grito contra a sociedade cheia de regras. Você poderia ter o cabelo que quisesse, vestir a roupa que quisesse. Quem foi que estabeleceu os mandamentos? Hoje cada tribo tem seu ritual, sua indumentária. Todos têm que andar de preto, calça, coturno, sobretudo, capacete de astronauta, chapéu mexicano, munhequeira, bigode postiço, meia listrada, bicho de pelúcia e peitos de silicone. Entende o absurdo da situação? É uma contradição!

Na minha adolescência havia a lenda de que quem fosse andar com camiseta de banda corria o risco de ser “intimado” na rua. Era preciso saber a história da banda, todos os integrantes, a discografia com ano de lançamento e sabe lá Deus o que mais. Era mais difícil do que trocar de faixa no Tae Kwon Do. Tudo uma grande bobagem.

Ainda bem que só tem cintos de balas e de rebites por aí, porque se tivesse de bomba...

Escrito por: Pedro Carlos Leite

0 comentários: