Nasce um heroi: João, o Azarado

João era mesmo um cara azarado. Quando era criancinha, muitas vezes sua mãe se preocupou e correu com ele pro pronto socorro com o mesmo problema: engasgamento. O pobre Joãzinho sempre ficava com a comidinha entalada. Mais tarde, quando não se machucava no futebol ganhava até doce da mãe. Era sempre pé torcido, tornozelo quebrado, quando não os vários joelhos esfolados. Na escola então, coitado. Bom aluno, sempre estava disposto a dar aquela mãozinha para os colegas. Na hora da prova passava uma colinha sempre que pediam. Mas e ele? Nas vezes em que precisava, era pego em flagrante pela professora. E assim foi indo sua vida de falta de sorte.

Depois que cresceu não arranjava namorada. Não conseguia ninguém legal. Quando se aproximava de uma menina, sempre pagava mico. Mas João era determinado Outro dia teve certeza de que tinha deacolado a sua gata. No MSN, um amigo passou o contato de uma, que olha, era de tirar o f*%$. Mais que contente João adicionou sua nova pretendente. Puxar o papo foi fácil. Ela também não tinha foto (João nunca colocava foto no MSN, já ciente de sua falta de sorte. "Vai que as minas me acham feio? Quero ganhar elas com o papo!" Aham.) e dizia que não tinha câmera. Assim foi indo. Muitas vezes por semana João conversava com sua mina virtual e a conversa foi ficando mais legal, mais legal... Até que não teve jeito, tiveram de marcar um encontro.

Sete horas no shopping. Todo arrumado, perfume, gel no cabelo, tênis limpo. Chegou até cinco minutos mais cedo, no medo de perder a hora... Ah, vinha também de calça jeans e camiseta azul que tinha combinado com seu amor virtual para que fosse reconhecido. Ela tinha que vir com uma camiseta rosa da Hello Kitty e um All Star azul. E uma boina bege. Mal podia esperar para conhecer pessoalmente o amor da sua vida. Bem, sete e dez e lá estava vindo sua garota de sonho, de boina e Hello Kitty no peito. Era mesmo do jeito que tinha falado, morena, cabelo até o ombro, olhos castanhos. Dariam um belo casal. Pena que era sua irmã.

Escrito por: Pedro Carlos Leite