Abbey Road - 40 anos

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

 


Em 2009 comemoramos 40 anos de lançamento do último disco dos Beatles, Abbey Road. Graças a ele atravessar a rua deixou de ser algo banal! =D

Estamos na rabeira do ano, mas ainda dá para prestar uma homenagem a este clássico do rock, que volta e meia é citado como o melhor da discografia beatle.

O disco começa com duas conhecidas pérolas da carreira dos ingleses. A primeira faixa é "Come Together", que tem uma introdução bem interessante, o baixo se misturando com efeitos vocais. A música vai crescendo em intensidade até chegar no refrão e no solo. No livro Anthology, John diz que adorou sua voz nessa canção. Logo em seguida entra o riff curto e belo de "Something", composta por George Harrison. Você pode pela primeira vez ouvir o brinquedinho novo do quarteto para o disco, um sintetizador Moog , enquanto é cantado o verso "I don’t wanna leave her now" ("Eu não quero deixá-la agora") e também no refrão da música. Você já viu o clip de "Something"? É bastante bonito, com os Beatles e suas esposas num parque.

"Maxwell’s Silver Hammer" é a música que vem em seqüência, e é uma típica canção de Paul McCartney. Tem aquele estilão sossegado de fábula contada, e lembra bastante "When I’m Sixty Four" do Sgt. Peppers. Levou três dias para ser gravada e isso gerou descontentamento do resto do grupo. Mas o resultado compensou. "Octopus’s Garden" é uma música com tema do mar assim como "Yellow Submarine" e ambas são cantadas por Ringo Starr, com a diferença que "Octopus’s” foi composta por ele. Durante uma conversa com o capitão de um iate, Ringo ficou sabendo que os polvos costumam procurar por pedras brilhantes e latas de alumínio para colocar na frente da toca, como se fosse um jardim. Ringo ficou fascinado com isso, e compôs a música.

"I want You (She’s so Heavy)" é realmente heavy. Tem um andamento pesadão e arrastado. Ela é viciante e grudenta. Isso é muito bom. Tem gente que a considera como o primeiro heavy metal da história. Não acho que chega a tanto, mas ela tem um clima bem carregado (principalmente no final) e versos como "I want you/ I want you so bad" (" Eu quero você/ Eu quero você tão mal"). Nada melhor para fazer contraponto com a sisuda "I Want You" do que a alegre e otimista "Here Comes the Sun". É outra música composta por George Harrison. Cansado das cobranças e da responsabilidade de administrar sua própria gravadora, a Apple, George "cabulou" o escritório e foi curtir na casa de ninguém menos do que Eric Clapton. Lá passeou no jardim e fez essa coisa maravilhosa chamada "Here Comes the Sun". Aqui fica bastante claro o uso do sintetizador Moog. Você pode ouvi-lo na parte da repetição do tema a partir de 1min42s. Canção que agrada quem gosta de música de qualidade.

A partir de "Because" as músicas começam a soar mais experimentais. Esta faixa mostra o grande entrosamento harmônico das vozes. Ele é leve e cadenciada, e se parece com uma faixa de mais adiante, "Sun King". Esta já tem um trabalho com guitarra e baixo na introdução. Destaque para a auto citação logo no primeiro verso: "Here comes the sun.... king", e também para a improvisação na letra, usando uma mistureba de palavras em espanhol, italiano e outras tantas inventadas.

Na seqüência temos "Mean Mr. Mustard" que é composta por John, e isso podemos perceber pela psicodelia do título e por ser mais animadinha. Agora chegamos na grande sacada e diferencial do disco: a parte operística, com músicas curtas se "emendando". A divertida "Polythene Pam" dá início a essa fase. A canção foi composta por John e remete a mulher de um poeta amigo dele que costumava se enrolar em sacos de Politileno quando iam transar. A canção vai indo, indo, e quando você percebe já desembocou em "She Came in Through the Bathroom Window", que fala da vez em que uma fã invadiu a casa de Paul pela janela do banheiro e abriu a porta da frente para uma legião de outras fãs entrarem, que antes de serem postas pra fora pegaram o que conseguiram da casa do baixista dos Beatles para guardar como souvenir.

"Golden Slumbers" vem emendada com "Carry that Weight", e nessa canção você ouve a melodia de "You Never Give Me Your Money", e nessa hora você já nem sabe onde está, porque as canções vão fluindo naturalmente e se embaralhando. Por último temos "The End", o verdadeiro canto de cisne dos Beatles. George, Paul e John fazem duelos de solos de guitarra, e até mesmo Ringo faz seu primeiro e último solo de bateria. Uma das músicas mais rock’n roll deles. E para selar e sentença do fim, uma frase que mais parece um epitáfio, e que é nas palavras de John Lennon, "filosófica, quase cósmica": "And in the end/The love you take, is equal to/The love you make" ("E no fim/O amor que você recebe, é igual ao/Amor que você faz")

Esse disco foi o último a ser gravado, e saiu em 1969, embora "Let It Be" tenha sido o último álbum de inéditas lançado (1970) mas foi gravado antes de "Abbey Road"

Escrito por: Pedro Carlos Leite.

0 comentários: